terça-feira, 4 de março de 2008

Turismo: porque é que é importante?!

As receitas externas do turismo, sozinhas, permitem cobrir 43% do total do défice da balança comercial do país.

Vítor Neto



O Boletim Estatístico do Banco de Portugal de Fevereiro revela que as receitas (externas) geradas pelo Turismo em 2007 atingiram os 7377 milhões de euros. Trata-se de um valor considerável, o maior de sempre, um crescimento de 11% face a 2006. Em rigor, faltaria ainda acrescentar as receitas (externas) de transporte aéreo e até mesmo os investimentos externos na imobiliária turística.

Estes dados, como sempre, passaram quase completamente despercebidos. Mas que representam, de facto, no quadro da economia nacional? Que expressão são da real importância do turismo?

Estes 7377 milhões de euros de receitas (correspondentes a exportações) geradas pelo turismo representam 45,5% do total das exportações de serviços do país (16202 milhões), 20% das exportações de bens (37500 milhões) e a 13,7% das exportações totais (bens e serviços). Correspondem a 6 vezes as exportações da Autoeuropa, a 4 vezes as da Petrogal (1ºexportador) e ao total dos dez maiores exportadores portugueses. Correspondem também ao triplo das remessas dos emigrantes. E mais: as receitas externas do turismo, sozinhas, permitem cobrir 43% do total do défice da balança comercial do país (17236 milhões euros).

É um facto que as exportações de turismo e outros serviços estão a crescer a taxas superiores às exportações de bens (mercadorias) e assumem um papel crescente e insubstituível para a balança de pagamentos e a economia do país.

Importa por isso combater duas atitudes frequentes. Por um lado, a superficialidade que deriva do desconhecimento e até de algum moralismo “snobe”, que despreza, ignora ou subestima completamente a importância da economia do turismo para o futuro do país. Por outro o imediatismo voraz de alguns sectores que “descobriram”, agora, o turismo e vêem nele sobretudo um sector capaz de multiplicar “mais-valias”, às vezes ainda no “papel”, desprezando os riscos de uma gestão irresponsável de recursos não renováveis, o que pode pôr em causa o futuro do próprio turismo. Importa pois afirmar e demonstrar com factos que o turismo já é, hoje, uma das mais importantes actividades económicas do nosso país. O turismo envolve milhares de empresas e dezenas de milhares de trabalhadores. É a principal actividade em várias regiões (Algarve, Madeira), tem um papel importante em Lisboa/ValeTejo e a possibilidade de o vir a ser noutras no sul, centro, norte e Açores, afirmando-se nalguns casos como a “única” actividade possível, capaz de gerar riqueza, emprego, desenvolvimento económico. Na principal região turística (Algarve) o crescimento do PIB regional (2,7%), em 2005, foi o triplo da média nacional (INE, 25Jan08). Sublinhe-se ainda a importância económica do turismo interno que movimenta vários milhões de portugueses por todo o país e é um factor de sustentabilidade e de redistribuição de riqueza pelas várias regiões. É evidente que estamos a falar de “turismos” diferentes para cada uma das regiões, porque diferentes são os recursos e a envolvente física e cultural, que não se compadecem com ilusórias imitações de “algarves” impossíveis, até nos erros. Daí a importâncias de estratégias regionais. Estamos a falar de uma visão de “desenvolvimento sustentável”, a única que pode garantir o futuro do turismo. Só por este caminho o turismo poderá sobreviver e continuar a ser importante para a economia do país.



Fonte: diarioeconomico.com

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